sábado, 15 de setembro de 2007

Aeroporto de Lisboa: Terminal 2 ou barracão?

Apesar da opinião negativa generalizada em relação ao “terminal” 2, aguardei pelas minhas primeiras experiências que, por acaso, não foram no início de Agosto, o pico da incompetência de quem gere a Portela… Penso que no final de Agosto alguns dos problemas tinham sido resolvidos, mas a verdade é que, independentemente de chamarmos aquela infraestrutura barracão, armazém ou guetto, aquilo é muito mau para ser verdade!... Designar aquele espaço de terminal é, no mínimo, um eufemismo. Alguns pormenores (como a existência de caixotes do lixo nas casas de banho!!!) já foram resolvidos, mas, na base da sua existência, continua a velha questão: se iam construir um novo terminal porque não construíram algo decente?!

Algumas notas sobre a experiência aversiva que é utilizar aquele espaço:

(1) Curiosamente, é desde logo o comportamento verbal e não verbal dos funcionários com quem interagi que mostrou o seu descontentamento face ao sítio onde trabalhavam. O que não deixa de ser sintomático e um “cartão de visita” significativo;

(2) O “terminal” 2 não é confortável: é mal ventilado, barulhento, existem diversos locais cujas condições de higiene são lamentáveis, não tem espaço, assemelha-se a um terminal de autocarros;

(3) Atraso é frequentemente palavra de ordem… Quando o voo está a sair a horas, sente-se pouco o efeito negativo do “terminal”; se um voo não sair a horas e os passageiros tiverem de espera… começa o pesadelo!

(4) Quando há vários voos em horários próximos, o check-in é uma confusão, sem controlo nem ordenação, com várias filas que se cruzam e balcões pouco diferenciados;

(5) O embarque é lento, confuso e feito “às pingas”. Destaco a experiência recorrente de ter de estar em pé dentro de um autocarro durante minutos intermináveis;

(6) A experiência de transferência, pelo lado ar, é caótica. Os passageiros que desembarcam no terminal 1 e têm de se dirigir ao “terminal” 2 andam perdidos na gare, registando-se uma falta de informação generalizada. Para não dizer que, mesmo que consigam efectuar a transferência de terminal, as respectivas bagagens frequentemente não!

(7) Pela divisão da operação da TAP, os passageiros do “terminal 2” têm de aguardar ainda mais por outros passageiros de voos internacionais, que chegam muitas vezes de forma aleatória;

(8) Como não existem protecções, não quero imaginar a chegada com bagagens ao “terminal 2” num dia de chuva… Será que o pessoal da ANA-Aeroportos ainda não percebeu que não é só no Inverno que chove?
(9) A lounge tem dimensões sofríveis, não havendo espaço para os seus utilizadores se houver vários voos em horários próximos. Sendo que para lá chegar, os passageiros têm de passar por umas escadas cujos acabamentos não foram concluídos e por um corredor cujo chão são plataformas de madeira!

Não me surpreende por isso o sentimento de revolta em quem tem de utilizar aquele espaço, em especial quando não tem outra alternativa. Tratam-se de passageiros que pagam as mesmas taxas de aeroporto, viajam em voos regulares de companhias nacionais de bandeira (e não low-cost e charter, por exemplo), mas usufruem de uma infra-estrutura aeroportuária medíocre!

É conhecida a situação em que se encontra o aeroporto e a necessidade de se encontrarem alternativas. Não se compreende, porém, são as opções tomadas, sobretudo no que toca à distinção dos voos domésticos, nem também o discurso hipócrita veiculado pelos responsável da ANA, que tentam transmitir um sentimento que jamais será assumido pelos passageiros: que o que “terminal” 2 do aeroporto de Lisboa é um espaço aprazível e eficiente.

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